Pouco com Deus ou muito com o diabo?

Todo dia acordo e tenho as mesmas opções: desfrutar dele tal como se apresenta, sentindo-me digno de merecê-lo no que me oferece de bom, ou sentir-me desmerecedor imerso na culpa por não estar agindo à altura do que tenho, ou por não ter feito melhor do que fiz. A primeira opção fará de meu dia, feliz. A segunda, não. Logo, viver sob a percepção, justificada ou não, de não estar cumprindo o dever, é uma das principais causas, se não a maior, de infelicidade. Mea culpa! A culpa é da nossa autocobrança, muitas vezes provocada pela cobrança social.

Numa outra instância, seria possível vencer esta cobrança, agindo inescrupulosamente para obter resultados financeiros e materiais, que aos outros, desconhecendo os meios pelos quais foram obtidos, pareceriam dignos de admiração e exemplo de sucesso. O peso na consciência, porém, por ignorar a moral, a ética e a lei, ou seja, o dever, resultará em culpa maior que não permitirá usufruir a contento do que foi conquistado. Apesar da aparente dignidade material e social, atropelar o dever levará a não se sentir digno do que conquistou, e portanto, indigno de sucesso e felicidade.

Culpa por culpa, qual será a pior? A culpa por não atender satisfatoriamente às necessidades materiais, ou a de atendê-las mediante ações reprováveis à própria consciência?

— "É melhor pouco com Deus do que muito com o diabo" – diria minha mãe. Há de se considerar que viver dignamente e desfrutar do que se tem sem culpa, é ter muito com Deus.

– Gutto Carrer Lima

"A observância do dever constitui a condição universal e única de ser digno da felicidade, e este "seu ser digno da felicidade" é idêntico à sua observância da virtude." (Immanuel Kant - A Metafísica dos Costumes)

Pouco com Deus ou muito com o diabo?



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