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Mostrando postagens de dezembro, 2017

Aceitar o que está sendo e deixando de ser

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A aceitação e auto-aceitação é um processo de reciprocidade contínua em que aceitar e aceitar-se tal como se é, se torna um equívoco pois demanda em aceitarmos transformações constantes. Quando alguém nos aceita, já não somos os mesmos. A aceitação acontece a partir de referências já conhecidas, que num momento seguinte poderão não mais corresponder à uma imagem construída e até idealizada do outro. Ainda que a referência nunca mudasse, mudaria a idealização que construiu a imagem. – Gutto Carrer Lima Aceitar o que está sendo e deixando de ser

Todos somos vítimas. Ou não?

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Exaura-me mais aquele que esnoba sua felicidade como se fosse esta uma condição constante, do que aquele que confessa sua dor na esperança de que alguém possa ouvi-lo. Porque o primeiro busca a quem queira aplaudi-lo para afirmar o que não é de toda certeza; de certo há muito de assombrosa vaidade. E o segundo inspira-me a evocar luz de onde nem eu mesmo sei, para com algum esforço de empatia e compaixão, tentar iluminá-lo. Ao fazê-lo, também sou pego pela mesma luz, que energiza a mim tanto quanto ao outro com a coragem de admitir uma condição humana, em vez de covardemente fugir do direito de lamentar. Que cobrança mesquinha é a de exigir minha felicidade visando espelhar a sua própria! Estes sim, são vampiros do espelho! Por trás deles, onde estão os escondidos, tímidos e acuados, amo a sinceridade de quem confia contar a sua tristeza. O triste não quer muito, além de quem o ouça, porque sabe o quão raro isto é, por si. Exaura-me mais o individualismo que dá as costas, do que a mend

Encantamento do Artista

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O artista é uma espécie de ser encantado. Por assim ser, vê tudo ao seu redor por um prisma encantado, às vezes tal como outros artistas também podem ver, outras de um jeito exclusivamente seu. O encanto tem um preço, que o artista paga com sua inquietude. Sua arte é a tentativa desesperada, bem sucedida ou não, de expressar o que ele vê, para que outros também possam ver. Nesta busca, o artista utiliza-se do que tem em mãos, sejam materiais ou conceitos, para transformar o insignificante em belo. Um artista sem inspiração é alguém que se desencantou temporariamente, não está vendo com olhos encantados. Gutto Carrer Lima Encantamento do Artista

A Dor do Amor

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Disseram que o amor é dor. Platão inventou essa história. E muita gente acreditou. Eu também acreditei, porque às vezes, ao pensar em alguém, dói. Mas ao estudar um pouquinho, aprendi que o amor não é como a dor. O amor é como o odor. Temos em nosso organismo uma quantidade limitada de receptores que traduzem ao cérebro as moléculas de odor. Existem muito mais odores do que podemos identificar, assim como existem frequências de som e de luz que nossos sentidos também não podem alcançar. Para cada molécula de odor, deve existir um receptor específico. Quando uma molécula de odor não encontra um receptor equivalente, devido à nossa limitação, sentimos o cheiro de uma coisa em outra. – Não... o amor não é dor. Nós é que não desenvolvemos ainda o receptor certo do amor para traduzi-lo em nosso cérebro. Em vez de cair na caixinha receptora de amor, ele cai na caixinha da dor. Sentimos o amor como dor, assim como sentimos o cheiro de uma coisa em outra. Os camundongos cheiram mais, e os cães

Domínio Público e Pirataria: um dilema ético

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O dilema da ética está entre a boa intenção e a consequência colateral. O próprio Aaron reconhecia que a polaridade do bem e do mal na internet é verdadeira e depende da nossa maneira de enxergá-la. A mesma facilidade que nos dá acesso a saber como diagnosticar um câncer, também ensina a construir uma bomba em casa. Como permitir que o primeiro conhecimento seja livremente disponibilizado na internet e o segundo não? – Como se não bastasse as leis serem generalizadas, elas ainda trabalham a favor de interesses comerciais e políticos. E muito do conhecimento que nos chega atende a esses interesses, e não ao que realmente nos faria bem. Não basta ao bom conhecimento estar disponível. É preciso que saibamos que ele existe. Na disputa de espaço, seja nos feeds de redes sociais ou nos resultados mostrados pelos motores de busca, vence o que é patrocinado. Um beco sem saída na construção de um mundo melhor, onde a veracidade e legitimidade do conhecimento encontrado também são question

Mala sem Alça

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A alma é uma malabarista fadada a ficar equilibrando o corpo, que por natureza está sempre inclinado e pendendo de um lado ou de outro, demandando a alma em constantemente satisfazer suas necessidades e desejos para juntos manterem-se vivos. Visto deste modo, o chamado "desercarne" ou morte física há de ser um grande alívio para a alma, que finalmente poderá cuidar de si mesma sem o peso dessa mala sem alça que é o corpo. Logo, não há motivo para temer a "morte", exceto pelo fato que sem o corpo, ela perde a autoconsciência que depende do tempo para existir, e ganha, em compensação, a experiência da eternidade, que não haverá de ser entediante já que em sua instância, o tempo não existe. – Gutto Carrer Lima Mala sem Alça

O pior ou o melhor que pode acontecer

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Se você quer ter dinheiro, sucesso profissional, status social, prazeres materiais sofisticados, privilégios e luxos para o corpo, então vá em frente! Procure todo o conhecimento necessário, invista sua vida nisso e pague o preço que terá que pagar por tudo e por você mesmo, sem nenhuma garantia de que irá conseguir suficiente realização. Se você quer gozar de prazeres simples para o corpo e elevados para a alma, com tranquilidade, autenticidade e relativa liberdade, vá em frente! Procure o conhecimento que o ajude a despertar, deixe a vida fluir e liberte-se de ter que pagar tanto, apesar dos desapegos que constantemente precisará exercitar. Seja qual for o caminho, entre estes ou diversos outros existentes, todos sofrerão as dificuldades inerentes a cada escolha e desfrutarão de seus deleites exclusivos. Portanto, não há certo e errado, pior ou melhor. Só não viva uma vida desejando outra, porque isto sim, é a pior porcaria que pode acontecer. – Gutto Carrer Lima

Pouco com Deus ou muito com o diabo?

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Todo dia acordo e tenho as mesmas opções: desfrutar dele tal como se apresenta, sentindo-me digno de merecê-lo no que me oferece de bom, ou sentir-me desmerecedor imerso na culpa por não estar agindo à altura do que tenho, ou por não ter feito melhor do que fiz. A primeira opção fará de meu dia, feliz. A segunda, não. Logo, viver sob a percepção, justificada ou não, de não estar cumprindo o dever, é uma das principais causas, se não a maior, de infelicidade. Mea culpa! A culpa é da nossa autocobrança, muitas vezes provocada pela cobrança social. Numa outra instância, seria possível vencer esta cobrança, agindo inescrupulosamente para obter resultados financeiros e materiais, que aos outros, desconhecendo os meios pelos quais foram obtidos, pareceriam dignos de admiração e exemplo de sucesso. O peso na consciência, porém, por ignorar a moral, a ética e a lei, ou seja, o dever, resultará em culpa maior que não permitirá usufruir a contento do que foi conquistado. Apesar da aparente di

Amor por nossos amigos materiais

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Esta história me fez lembrar de meu “amor” por meus brinquedos quando criança. Também do cuidado que minha mãe tinha (e tem) com seus eletrodomésticos, e de meu pai improvisando para consertar algum aparelho quebrado, com o que tinha em mãos. Estas coisas custavam mais caro do que hoje em dia, e eram feitas para durar, pelo menos, um pouco mais. Falamos de desapegos de diversos tipos, inclusive o material, mas praticamos muito mais o descarte do que o desapego de nossos desejos. Aquele “apego” por nossos bons e velhos objetos talvez devesse resistir, durar mais. Será que são eles que se tornam obsoletos? Ou é a nossa mentalidade forjada pela tentação por ter novos e ótimos substitutos mais modernos? O vídeo comove com o amor entre usuário e equipamento, o rapaz e a sua boa e velha geladeira, levando à reflexão sobre a frieza de nossos desapegos e suas consequências. Descartar não é desapegar. Desapegar é deixar de desejar. O que temos, já temos, já custou os recursos e a energia nece

Qual o pensamento da última moda?

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Pense numa biblioteca de receitas sobre como viver, ou melhor, sobre o que pensar a respeito do que seja viver. Essa biblioteca poderá ter o tamanho da sua cidade; ou de um país, ou de um continente inteiro! Bilhões de diferentes pensamentos! Muitos deles brilhantes, e outros tão toscos que parecerão piadas. Você dará boas risadas ao descobrir como era o imaginário das pessoas há séculos e milênios atrás! Aquelas pessoas do passado viveram sob os pensamentos de sua época, assim como estamos vivendo na nossa. Vidas sustentadas em pilares dos pensamentos, que se tornam crenças, que se tornam verdades, que se tornam regras, que se tornam leis. Não ouse desobedecê-las, sob risco de ser considerado louco, dissimulado e alienado. O Pensar também segue modas. Qual o pensamento da última moda? A moda muda conforme o lugar e sua cultura. Cada vez mais rápido, a cultura é moldada segundo interesses, convenções e conveniências, coletivas e individuais. Hoje em dia, podemos nos dar ao luxo de esco

Nostalgia pelo Futuro

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Esse ressentimento que projeta nostalgia no futuro, ''nessa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi", como bem cantou Renato Russo . – Não AMARgurarei o futuro com os AMARgores do passado e do agora.  Antes o AMARei, desde já, pois o futuro não precisa estar distante para ser.  Ele é cada minuto que chega e se vai mais rápido do que eu possa perceber.  O futuro (que será) já é.  O passado (que se foi) continua ser.  O agora (que é), este não sei o que é.  – Que fé será maior do que amar o que não existe? – De certo, é amar o que coexiste e aqui está, como eu aqui estou. – Gutto Carrer Lima Nostalgia pelo Futuro

Um exercício de desapego na revisão de nossas vidas

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A morte faz pensar a vida. O luto faz sentir o apego. A saudade faz revisar o que vivemos. Cada um com suas dores, sucediam-se os dias como se nada estivesse estranho além da reclusão emudecida em nós mesmos, arrastando as frustrações secretas dos sonhos interrompidos que só podem ser enterradas depois de superadas. Não queríamos bater nas mesmas teclas ou tocar nas mesmas cordas, pois sabíamos, elas não variariam suas notas. Por um tempo, nossa música silenciou como o luto exigindo o desapego na revisão de nossas vidas. (Trecho de Desapego - O Livro, de Gutto Carrer Lima) Todos os direitos reservados © 2017 Desapego Um exercício de desapego na revisão de nossas vidas

Amigos Inseparáveis

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Em março de 2016, eu estava compilando crônicas, frases e poemas para compor meu livro que ainda não tinha título, e não sabia claramente o que ele queria ser. Enquanto trabalhava organizando a compilação, arriscava-me também a escrever alguns novos ensaios, no sentido de ensaiar mesmo. A um desses ensaios, dei o nome de "Amigos Inseparáveis". Pedi a Denise que o lesse e desse sua opinião.  — Gutto, achei o texto profundo e acho uma responsabilidade enorme para mim, você se basear somente em minha opinião. – disse Denise. – Tenho uma amiga de infância, a Louise , que lê muito, adora ler e escrever. Você poderia enviar seu texto pra ela também opinar; o que você acha? - perguntou. Enviei o texto para Louise, que me retornou no dia seguinte. Seu comentário me trouxe a segurança que eu precisava naquele momento para fazer do livro mais do que um agrupamento de textos anteriormente escritos, marcando o início de uma nova concepção para o projeto. Um ano e meio depoi

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