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Mostrando postagens de fevereiro, 2018

Santa Inveja! Podemos chamá-la: Admiração

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Já ouvi amigos dizerem: — "Estou com inveja de você"! Quando isto é dito, o amigo é imediatamente perdoado por um "pecado" admitido. Porém, em se tratando de pecado, não seria eu quem deveria pedir perdão? Não, se nada fiz intencionalmente para tanto, mas se eu a despertei deliberadamente, sim, a culpa pela inveja alheia terá sido minha, e se isto causou constrangimento no amigo ao ponto de causar arrependimento em mim, será merecido pedir-lhe perdão tanto quanto ele mereceu ser perdoado por sinceramente admitir ter sentido inveja. Em meu livro falo de inveja, porque não se pode caminhar pelas sombras do autoconhecimento sem olhar de frente para ela. Por ser um tabu, e portanto causador de vergonha, nunca vi alguém falar sobre inveja referindo-se a si mesmo. A inveja sempre é a do outro, a que o outro sente, como se ela jamais percorresse o repertório das próprias emoções com relação às pessoas e coisas que as cercam. A inveja é vista como algo muito negativo, até

Adorável modelo científico

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A ciência consegue impor, estabelecer e controlar hábitos de um modo que nem os deuses das religiões conseguiram. As pessoas geralmente ouvem mais à ciência do que ao seu Deus; ouvem mais ao que dizem as revistas do que à sua própria voz interior. Basta que uma ideia maluca venha descrita como um "estudo científico" para que muitos se rendam de joelhos a ela. Até que uma outra ideia nem tão questionável ou mais maluca ainda apareça, para mudar os hábitos da sociedade novamente em função dos novos interesses que são determinados não se sabe exatamente por quem, mas de algum modo controlados por quem quer nos controlar, seja por razões políticas, consumistas ou quaisquer outras. Sejam quais forem, manter a ordem e o fluxo da boiada é o que justifica obscuramente os enormes investimentos que são feitos em estudos não tão científicos assim, cujos resultados já são determinados antes mesmo de iniciá-los. Isto acontece com o teste de novas drogas, por exemplo. Pessoas morrem na Áfr

Malandro amigo

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Ele era um cara estranho, meio boa gente, meio malandro-otário. Mais malandro que otário, mas era autêntico e julgava menos do que costumava ser julgado dado seu estereótipo nada enganador que dizia: não vacile comigo porque eu tô ligado que você também não é santo. Assim eu me resguardava mantendo uma certa distância, mesmo quando tomando cerveja juntos nos cabarés e dando muita risada. Ou nas tantas vezes em que ele me ajudava com trabalhos braçais, carregando caixas, subindo em escadas, consertando coisas e até ao meu carro. Apesar de pouco estudado, era inteligente, esperto e tinha a perspicácia dos artistas de improviso que vêem o mundo sem frescura e o encaram de frente. Ficávamos amigos, quanto mais percebíamos nas oportunidades que tínhamos de nos enganar, que estávamos ali para nos ajudar. – Gutto Carrer Lima

Varredura

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Seria ele capaz de admirar o trabalho do varredor de ruas? Ou não o enxergaria por evitar olhar para as sarjetas, focando seus olhos somente em quem desempenha proezas que ele mesmo não é capaz de realizar? Varra-se dele o orgulho, vaidade e soberba que só sabe projetar-se no alto ilusório onde gostaria de também estar. – Gutto Carrer Lima

Pedalando e pensando

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Depois de um pico de energia, vem o declínio. A descida não é necessariamente mais fácil quando se está contra o vento. O vento que atrapalha na descida, ajuda na subida. Depois de subir a ladeira, qualquer caminho fica mais leve. Bom mesmo é manter um ritmo; na média, dá na mesma e cansa-se muito menos. Se num dia escolher ir mais rápido, no outro escolha ir mais longe. Para tudo é preciso um dia de descanso, mas a vontade espanta a preguiça. – Gutto Carrer Lima

Inimiga de cada dia

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A frustração é, da expectativa, a sua melhor amiga. Daquelas que trazem para si, a responsabilidade por todo mal que a outra provoca. Diz-se da frustração, ser uma inimiga a ser esquecida. Pois é a expectativa a responsável maior por decepcionar o futuro e entristecer o presente dia. – Gutto Carrer Lima

Vontade: causa ou efeito?

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Como posso ser eu a causa de minha vontade, e esta ser a causa de mim mesmo, se minha vontade é causada por outras tantas causas? Na maior parte a vontade é efeito, feita das causas que me despertaram vontade. Pois sendo assim, não estarei confundindo vontade com desejo? E o que direi de causa e efeito, se for desejo de vontade, ou vontade de desejo? Se para tudo haverá de haver um motivo, na morosidade ou impossibilidade de descobri-lo, eu terei que inventá-lo. Assim, o motivo inventado será efeito da desmotivação para justificar-se como causa, e minha vontade será reduzida a um mero desejo. Toda missão é uma invenção, um desejo de vontade equivocado como causa. Não há missão na vontade. A vontade, só é vontade, se ela é, sim, causa em si mesma. – Gutto Carrer Lima

O acaso não existe

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"O acaso não existe" é um pensamento matemático. A coincidência que nos faz pensar na inexistência do acaso, é apenas uma dentre outras possibilidades numa enorme gama de probalidades. – Gutto Carrer Lima

O cérebro é binário

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Para a neurociência, segundo a Teoria Computacional da Mente , em analogia ao computador que contém elementos binários, "o cérebro é binário"*. Apesar dos pensamentos e das sinapses que nos conferem inteligência, "nós não temos simultaneidade em nenhum tipo de situação. O cérebro não comporta duas informações simultâneas. Ou é ou não é." Demoramos frações de segundo para identificar, analisar e formar percepção, e levamos mais tempo para processar percepções mais abrangentes, além do sim ou não.   Isto explicaria a nossa dificuldade em enxergar os "tons de cinza" entre os polos preto e branco? Seria a dualidade causa e efeito desta característica? – Gutto Carrer Lima (*) Suzane Garrido, professora de neurociência, em programa Filosofia Pop com Márcia Tiburi .  Veja a partir de 27:10 min.

Acreditar ou não no ser humano é questão de afeto

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Basta que uma única pessoa me decepcione para que eu passe a desacreditar no ser humano. Basta que uma única pessoa acredite em mim para que eu imediatamente volte a acreditar na Humanidade. – Gutto Carrer Lima Acreditar ou não no ser humano é questão de afeto

AFETOS

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Afeto não significa apenas carinho, embora seja assim que geralmente o compreendemos. Tudo o que nos afeta é um afeto. Ele pode ser bom ou ruim, pode ser causado por uma atitude ou por um acontecimento. Somos o resultado dos muitos afetos que recebemos e nos proporcionamos. O mundo externo afeta nossos pensamentos, e estes afetam a nós mesmos e o que vamos nos tornando. – Gutto Carrer Lima Somos o resultado dos afetos

Para baixar ou levantar o próprio Ego

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Reencontre pessoas e lugares que não via há mais de vinte anos e perceberá claramente que sim, o mundo funciona SEM você. Olhe atentamente à sua volta, para o lugar e pessoas com quem vive, e perceberá que sim, o mundo pode ficar melhor COM você. – Gutto Carrer Lima Para baixar ou levantar o próprio Ego

Da condenação do riso à condenação de livros

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Em " O Nome da Rosa "* – ( filme de 1986 ), uma obra apócrifa é a causa da morte de sete monges num mosteiro do século XIV. O motivo é a não aceitação do riso, pela igreja cristã da Idade Média, que considera rir um pecado. Daí a condenação à morte de todos que leem as páginas envenenadas do único exemplar do livro supostamente escrito por Aristóteles que "discute a comédia como estimulante do prazer ao ridículo usando pessoas comuns e divertindo-se com seus defeitos". "— Há tantos livros sobre comédia. Por que este lhe causa tanto temor? – pergunta o frei  Willian  ao   venerável  Jorge . — Porque ele é de Aristóteles! – responde o venerável. — Mas o que há de tão alarmante nisso? — O riso mata o temor, e sem temor não pode haver fé. Pois se não há temor no demônio, não é necessário haver Deus! – diz o venerável. — Mas você não eliminará o riso destruindo este livro! — Não, com certeza. O riso continuará sendo a recreação do homem comum, mas o que

O Motorista e o Acostamento

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Dirigia, o motorista. Mais do que dirigir, viajar era sua rotina. Diariamente buscava seu destino, às vezes por estreitas rodovias de mão dupla, outras por largas vias de duas pistas com sentido único, agraciado pela existência de acostamentos de ambos os lados. Eventualmente, uma possibilidade de retorno lhe dava a chance de perguntar-se se queria voltar ou seguir adiante. A possibilidade de escolha, e não a falta de opção, reforçava sua convicção. Eram os acostamentos, porém, o que lhe davam segurança, porque por mais cauteloso, convicto e seguro que ele dirigisse, tranquilizava-o saber que teria uma área de escape caso precisasse fugir de um acidente. O motorista não os utilizava para trafegar, nem ao menos os percebia na constância do seu foco na rodovia à sua frente, mas sentia em seu íntimo que os acostamentos, na função marginal de simplesmente estarem ali, eram partes importantes do caminho. – Gutto Carrer Lima O Motorista e o Acostamento

O que lava a alma é lágrima

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Dores psicológicas devem ser vividas, depuradas, choradas, sofridas e, no seu tempo, resolvidas. Tome qualquer medicamento para fugir disso e entrará num buraco negro sem fim. Sua personalidade, integridade e autenticidade se consumirão até não restar nada, além do vazio. Se for para tomar algo, tome um porre de cerveja ou vinho, de preferência da companhia de um amigo. Seu fígado chiará por algumas horas, talvez até chame a companhia do "hugo", mas ao menos saberá lidar com a ressaca que tem um começo, meio e fim. Melhor mesmo não tomar nada. Remédio pra baixo astral e baixa autoestima é lágrima. Seu único efeito colateral serão olhos brilhando e alma lavada. Gutto Carrer Lima O que lava a alma é lágrima

Sonhos são entes vivos

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Se tens sonhos, escreva-os. Regularmente consulte-os. Você verá que sonhos se realizam sem percebermos. Às vezes nos esquecemos do que pedimos e desejamos intensamente, mas as contingências continuam se formando para que aconteça. Mudam-se os caminhos, novas pessoas aparecem, e oportunidades também. Você é enviado para outros lugares, outros ares, tudo para que as condições exatas necessárias para atender ao seu pedido se viabilizem. Se você esquece do que sonhou, como saberá quando ele se realizou? Esquecer um pedido feito à Vida pode ser uma grande "desfeita", pois ao esquecê-lo, desfaz-se o sentimento de gratidão para agradecê-lo, podendo até desfazer o sonho e a poesia que o realizou. Um sonho é um ente vivo que precisa ser alimentado com consciência e gratidão antes e depois de ser realizado. – Gutto Carrer Lima Sonhos são entes vivos

Vila Alzheimer

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Eu me perdera ao afastar-me por uns instantes para explorar a redondeza, enquanto aguardávamos o conserto do ônibus que nos transportava numa eco-excursão por uma estrada de terra. Ao voltar, o cenário se modificara. Eu já não via os campos, lagos e árvores; somente a rodovia asfaltada na qual eu caminhava pelo acostamento esquerdo, indo e voltando à procura dos meus. Muitas pessoas ali esperavam sentadas na guia à beira do acostamento, mas nenhuma delas correspondia aos meus filhos. Eles não estavam ali, ou nós não nos víamos. Enquanto insistia na procura por toda a extensão do caminho, este afluía em ruas diversas, e depois em corredores que estreitavam entre paredes de tijolos aparentes e muros baixos por cima dos quais eu podia ver paisagens campestres. As paisagens eram lindas, mas onde estariam todos naquela vastidão? Se não estavam à frente, e se à frente não me seria possível seguir, eu teria que voltar. Também os corredores de volta ficaram estreitos; só poderia passar pulando

O Todo

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O absoluto é tão relativo quanto a Verdade. Como poderia a parte definir o Todo? Seria muita pretensão da parte, porque para a parte definir o Todo, ela teria que conter o Todo, e neste caso ela não seria parte, e sim o Todo. O que é o Todo, afinal? Como negar ou afirmar aquilo que não se conhece e jamais será conhecido, porque quanto mais conhecermos, mais terá se expandido? Neste contexto, a consciência mais elevada que se pode ter é a de que não sabemos nada e jamais saberemos tudo. O resto é mera especulação da vaidade, fantasia e conforto para nossa angustiante existência. – Gutto Carrer Lima O Todo

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